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Comentários / UECE - Universidade Estadual do Ceará - Vestibular - UECE - Universidade Estadual do Ceará - 2012 - 1.ª Fase - 2013.1 - Língua Inglesa


A bagaceira

A bagaceira, obra de José Américo de Almeida, publicada em 1928, é a precursora do moderno romance brasileiro do Nordeste. O romance passa-se entre 1898 e 1915, dois períodos de seca. Valentim Pereira, sua filha Soledade e o afilhado Pirunga abandonam a fazenda do Bondó, na zona do sertão. Encaminham-se para as regiões dos engenhos, no brejo, onde encontram acolhida no engenho Marzagão, de propriedade de Dagoberto Marçau, cuja mulher, uma retirante, falecera por ocasião do nascimento do único filho, Lúcio. Passando as férias no engenho, Lúcio conhece Soledade e por ela se apaixona. A história vai muito além, mas essas informações são suficientes para o entendimento do texto seguinte, extraído do primeiro capítulo.

 

46        A mata fronteira, o padrão majestoso,
47     estava acesa numa cor de incêndio.
48        Havia uma semana, surdira um toque
49     estranho na monotonia da verdura. Dir-se-ia 
50     um ramo amarelido à torreira da estação.
51        Dominava ainda a esmeralda tropical. Mas,
52     com pouco, emergira o mesmo matiz em
53     outro trecho vizinho, como um efeito de luz,
54     um beijo fulgurante do sol em árvore favorita.
55     E, logo, o pau d’arco assoberbou a flora, como
56     um banho de ouro na folhagem.
57        Nessa manhã luminosa a mata 
58     resplandecia com uma orgia de desabrocho 
59     em sua pompa auriverde.
60        Sem a percepção da paisagem, com a
61     sensibilidade obtusa e entorpecida aos
62     primores da natureza, Dagoberto inquietava-
63     se, pela primeira vez, perante o ouro que
64     frondejava. Parecia-lhe que o sol tinha 
65     baixado sobre a selva fulva.
66     Era, talvez, a cor que lhe suscitara o 
67     interesse chambão. As pétalas áureas...
68        E semicerrou, novamente, os olhos 
69     descuriosos.
70        Senão quando, foi despertado por uma voz 
71     sumida que o sobressaltou. Não notara o 
72     acesso de outro grupo de retirantes.
73        Importunavam-no os intrusos, cortando
74     -lhe o fio dos cálculos da colheita ou de alguma
75     cisma transitória.
76     Pediam-lhe uma pousada.
77     Ele abanou a cabeça negativamente.
78     E os ádvenas quedaram-se esmorecidos
79     pelo repouso momentâneo.
80     Saiu para enxotá-los [...]
81     E esbravejou:
82     — O que já disse está dito!!
83        Nisto, desmontou-se uma rapariga e, com
84     a vozita soprara:
85     — Se o senhor pudesse mandar alcançar
86     -me um pouco d’água...
87        Ele examinou-a através das pestanas
88     cerdosas e ficou com a fisionomia suspensa, 
89     como quem reconstitui uma visão ou evoca
90     um fato.
91     — Milonga, olha aqui!
92        E, enquanto a retirante segurava o copo 
93     com os dedos mirrados, interpelou, indicando
94     um rapaz que a acompanhava:
95     — São irmãos?
96     — Senhor não; mas, é como se fosse —
97     respondeu o mais velho que procurava
98     esconder a cara na barba intonsa.
99     Seguiram caminho.
100    — Manuel Broca! Ma-nuel!
101    Chegou o feitor. E Dagoberto, apontando o 
102    grupo que se distanciava:
103    — Arranche aquela gente.
104       E entrou a ir e vir, em longos passos 
105    frouxos, no seu hábito de marchar para um 
106    ponto que lhe estava mais na imaginação do
107    que no espaço.

José Américo de Almeida. A Bagaceira. pág. 7-9.

Questão:

Atente para o que se diz sobre o vocábulo “ainda” em “Dominava ainda a esmeralda tropical” (linha 51).

I. Indica um passado recente — tempo predominante na narrativa.

II. Aponta para um tempo indicado pela expressão ”havia uma semana” (linha 48).

III. É reiterado pela expressão “nessa manhã luminosa” (linha 57).

Está correto o que se diz somente em

Resposta errada
a)

I.

Resposta correta
b)

II.

Resposta errada
c)

I e III.

Resposta errada
d)

II e III.

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