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Comentários / Polícia Civil - Paraná - Delegado de Polícia - COPS-UEL - 2013 - Prova Objetiva


Texto I


A repercussão sobre o tratamento ofensivo dispensado a um menino negro de 7 anos que acompanhava
os pais adotivos em uma concessionária de carros importados no Rio de Janeiro, há algumas semanas,
jogou luz sobre uma discussão que permeia a história do Brasil: afinal, somos um país racista?
Apesar de não haver preconceito assumido, o relato dos negros brasileiros que denunciam olhares tortos,
desconfiança, apelidos maldosos e tratamento “diferenciado” em lojas, consultórios, bancos ou supermercados
não deixa dúvidas de que são discriminados em função do tom da pele. Estatísticas como as
divulgadas pelo Mapa da Violência 2012, que detectou 75% de negros entre os jovens vitimados por homicídios
no Brasil em 2010, totalizando 34.983 mortes, chamam a atenção em um país que aparentemente
não enfrenta conflitos raciais.
A disparidade entre o nível de escolaridade é outro indicador importante. De acordo com o Censo 2010,
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre os brasileiros com nível superior
completo há 9,8 milhões de brancos e 3,3 milhões de pardos e pretos. Já entre a população sem instrução
ou que não terminou o Ensino Fundamental os números se invertem: são 40 milhões de pretos e pardos e
26,3 milhões de brancos.
“O racismo no Brasil é subjetivo, mas as consequências dele são bem objetivas”, afirma o sociólogo Renato
Munhoz, educador da Colmeia, uma organização que busca despertar o protagonismo em entidades
sociais, incluindo instituições ligadas à promoção da igualdade racial.
Ele enfatiza que os negros, vitimizados pela discriminação em função da cor da pele, são minoria nas universidades,
na política, em cargos de gerência e outras esferas relacionadas ao poder. “Quando chegam
a essas posições, causam ‘euforia”’, analisa, referindo-se, na história contemporânea, ao ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa e ao presidente dos EUA, Barack Obama.
Munhoz acrescenta que o racismo tem raiz histórica. “Remete ao sequestro de um povo de sua terra para
trabalhar no Brasil. Quando foram supostamente libertados, acabaram nas periferias e favelas das cidades,
impedidos de frequentar outros locais”, afirma.
Esse contexto, para ele, tem sido perpetuado através dos tempos, apesar da existência da Lei nº 7.716, de
5 de janeiro de 1989, que define como crime passível de reclusão os preconceitos de raça ou de cor. “A
não aceitação de negros em alguns espaços é evidente”, reforça. A subjetividade do racismo também se
expressa no baixo volume de denúncias nas delegacias. No Paraná, de acordo com dados do Boletim de
Ocorrência Unificado da Polícia Civil, de 2007 a 2012 foram registrados 520 crimes de preconceito, o que
resulta em uma média de apenas 86 registros por ano.
Por todas essas evidências, Munhoz defende a transformação da questão racial em políticas públicas, a
exemplo das cotas para negros nas universidades. “Quando se reconhece a necessidade de políticas públicas,
se reconhece também que há racismo”, diz. Ele acrescenta, ainda, que os desafios dessas políticas
passam pela melhoria no atendimento em saúde à população negra e no combate à intolerância religiosa.
“Não reconhecer as religiões de matriz africana é outro indicador de racismo”.

(Adaptado de: AVANSINI, C. Preconceito velado, mas devastador. Folha de Londrina. 3 fev. 2013, p.9.)

Questão:

O título da reportagem traz duas qualificações para o termo “preconceito”. No 2.º parágrafo do texto, há uma terceira qualificação.

Assinale a alternativa que correlaciona, corretamente, essas qualificações.

Resposta correta
a)

Preconceito assumido é o contrário de preconceito velado.

Resposta errada
b)

Preconceito velado é o contrário de preconceito devastador.

Resposta errada
c)

Preconceito assumido e preconceito velado são sinônimos.

Resposta errada
d)

Preconceito assumido e preconceito devastador são sinônimos.

Resposta errada
e)

Preconceito velado e preconceito devastador são sinônimos.

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