Considere o trecho adaptado da obra Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, para responder à(às) questão(ões) a seguir.
Cumpre-nos agora dizer alguma coisa a respeito de uma personagem que representará no correr desta história um importante papel, e que o leitor apenas conhece, porque nela tocamos de passagem no primeiro capítulo: é a comadre, a parteira que, como dissemos, servira de madrinha ao nosso memorando. Era a comadre uma mulher baixa, excessivamente gorda, bonachona, ingênua ou tola até um certo ponto, e finória até outro; vivia do ofício de parteira, que adotara por curiosidade, e benzia de quebranto; todos a conheciam por muito beata e pela mais desabrida papa-missas da cidade. Era a folhinha mais exata de todas as festas religiosas que aqui se faziam. A comadre era uma das parteiras mais procuradas da cidade; gozava grande reputação de muito entendida, e ainda nos casos mais graves era sempre a escolhida: com os seus milagrosos bentinhos, a palma benta, a medida de Nossa Senhora, a garrafa soprada, e com a invocação de todas as legiões de santos, de serafins e de anjos livrava-se ela dos maiores apertos. E ninguém lhe fosse dar regras, que as não ouvia, nem do físicomor, se nisso se metesse: era só olhar para uma mulher de esperanças, e dizia-lhe logo sem grande trabalho o sexo, o tamanho do filho que trazia nas entranhas, e com uma pontualidade miraculosa o dia e a hora em que teria de ver-se desembaraçada; até às vezes, por certos sinais que só ela conhecia, chegava a dizer qual seria o gênio e as inclinações do ente que ia ver a luz. Já se vê que esta vida era trabalhosa e demandava sérios cuidados; porém a comadre dispunha de uma grande soma de atividade; e, apesar de gastar muito tempo nos deveres do ofício e na igreja, sempre lhe sobrava algum para empregar em outras coisas.
No primeiro período, a ocorrência de palavras como personagem, papel, leitor e primeiro capítulo constituem uma forma de “amarrar” o texto e se referem
a)
à possibilidade de o leitor não compreender a leitura do texto. |
b)
ao jeito jocoso de tratar de assuntos políticos e econômicos. |
c)
a uma espécie de literatura folhetinesca e de suspense policial. |
d)
ao abandono da narrativa à decisão e gosto de seus leitores. |
e)
à própria narrativa ou história de que se ocupa o narrador. |
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