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Comentários / Câmara dos Deputados - CESPE - UnB - 2012 - Analista Legislativo - Genérica 2 (Exceto - Material e Patrimônio) (Genérica)


Nem centro nem periferia

1        Refletir sobre as conexões entre local e universal é
          comum na historiografia das ciências. Desde o século XIX, os
          autores que analisaram as ciências no Brasil avaliaram o país
4        como “atrasado” em relação aos grandes centros. Os próprios
          conceitos e palavras utilizados pelos historiadores expressavam
          a opção interpretativa de tratar a ciência brasileira como
7        dependente daquela praticada nos centros de poder. Mencionar,
          por exemplo, a “chegada” ou “difusão” da ciência moderna no
          Brasil indicava, muitas vezes, a adoção de um conceito de
10     ciência como um conjunto de conteúdos estanque, criado sob
          o ponto de vista europeu. Assim, a produção científica seria
          considerada de boa qualidade se conseguisse reproduzir esses
13     conteúdos. Como as realidades são diferentes, por nem sempre
          se adequarem aos padrões internacionais, as interpretações
          falavam em cópias malfeitas, em empreendimentos mal
16     realizados, em promessas a se cumprir.
          Para os historiadores contemporâneos, a questão se
          coloca por outro ângulo. Em primeiro lugar, a própria
19     reavaliação do estatuto das ciências entende que o caminho
          traçado não foi o mesmo para todos. O que se conhece por
          ciência foi e é fruto de escolhas políticas, sociais e econômicas,
22     que se refazem a cada dia, formando possíveis horizontes
          futuros. Em segundo lugar, os historiadores têm mostrado que
          não se pode falar em uma periferia colonial passiva, modelada
25     por um centro de atividade científica dinâmica. As ciências se
          criam e se praticam com base em lógicas de exclusão, inclusão,
          monopólio, grupos, escolhas. Cabe aos historiadores enfatizar
28     os aspectos negociados dessa relação, mostrando que os
          centros e as periferias são heterogêneos e que as posições de
          força não dependem tanto da nacionalidade, mas dos grupos e
31     do tipo de integração e movimentação das práticas científicas
          locais.

Lorelai Kury. Nem centro nem periferia. In: Revista de História da Biblioteca Nacional. Especial n.º 2, nov./2010, p. 106 (com adaptações).

Com base no texto acima, julgue o(s) item(ns) a seguir.

Questão:

O período “Em segundo (...) científica dinâmica” (L.23-25) poderia ser reescrito, mantendo-se o seu sentido original e a sua correção gramatical, da seguinte forma: Em segundo lugar, os historiadores mostraram que não podem falar sobre uma periferia nas colônias passivas e modeladas por um centro científico com atividades dinâmicas.

Resposta errada
Certa.
Resposta correta
Errada.

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